terça-feira, 30 de setembro de 2008

Aventura Social e as NEE

O projecto “Risco e resiliência nos adolescentes com necessidades educativas especiais” pretende conhecer os comportamentos e estilos de vida dos adolescentes com necessidades educativas especiais (NEE), e desenvolver um programa no âmbito da promoção da saúde e resiliência adaptado a estes jovens. Em termos mais concretos, o projecto tem como objectivos:
- Contribuir para o conhecimento dos comportamentos e estilos de vida dos adolescentes com necessidades NEE nos vários contextos da sua vida, integrados no ensino regular;

- Conhecimento da situação actual das NEE em contextos integrados;

- Disseminação e discussão dos resultados junto dos grupos participantes;

- Elaboração de um programa de intervenção, centrado na promoção de factores de protecção aliados à saúde e resiliência da referida população-alvo;

- Formação de pais e professores nas áreas acima mencionadas.

Para a concretização dos objectivos realizou-se uma primeira etapa que correspondeu à aplicação de um questionário a uma amostra nacional estratificada por cinco regiões do país (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve). Esta parte do projecto está aliada ao projecto HBSC/OMS, que realizou um estudo nacional no início do ano de 2006. Para tal foram seleccionadas aleatoriamente da lista nacional do Ministério da Educação 150 escolas, num total de 6000 alunos (cerca de 10% com NEE). Para aumentar a incidência dos alunos com NEE, foi enviado para os professores de apoio das escolas seleccionadas “pacotes” adicionais de modo a que o questionário fosse aplicado a todos os alunos com NEE que frequentavam as escolas seleccionadas. O questionário englobou um conjunto de questões relacionadas com os comportamentos e estilos de vida dos jovens (consumos de tabaco e álcool, hábitos alimentares, violência, ambiente na escola, expectativas futuras, bem-estar e apoio familiar, sintomas físicos e psicológicos, imagem corporal), bem como um conjunto de questões relacionadas com a resiliência (factores individuais, familiares e comunitários aliados à resiliência, acontecimentos de vida). Para além do questionário de auto-preenchimento pelos alunos com NEE, foi ainda enviado um questionário para o conselho directivo da escola, relativo à situação das NEE em contexto integrado a nível nacional. Os dados recolhidos foram tratados através de procedimentos estatísticos multivariados no sentido de estabelecer e perceber relação entre os vários factores em questão.



Esta primeira parte teve assim como principal objectivo o conhecimento dos factores aliados ao risco e à protecção na saúde e na resiliência dos adolescentes com NEE, que constitui ainda uma área a explorar, dado que a maior parte dos estudos realizados nesta área, abrange apenas jovens sem NEE, ou não fazem uma análise em separado destes dois tipos de grupos. Esta parte constituiu ainda uma peça de extrema importância dado que o conhecimento dos factores aliados ao risco e à protecção na saúde e na resiliência constituem aspectos fundamentais para o delinear de intervenções neste âmbito.

Uma segunda etapa deste trabalho teve como objectivo a disseminação dos resultados obtidos junto das escolas participantes e de outras instituições de apoio aos indivíduos com deficiência, no sentido de partilhar e contextualizar a informação obtida anteriormente. Foram realizados cinco encontros (nas regiões abrangidas pelo estudo) onde se reuniram as escolas participantes, bem como outras instituições comunitárias que desenvolveram trabalho no âmbito das NEE. Realizaram-se ainda neste âmbito grupos focais que consistem em entrevistas colectivas com os adolescentes com NEE, realizados com o objectivo de recolher e debater diferentes opiniões sobre as questões relacionadas com a sua saúde e resiliência, permitindo deste modo contextualizar os resultados quantitativos.

A fase seguinte envolveu a elaboração de um programa de promoção de factores aliados à saúde e à resiliência a aplicar aos adolescentes com NEE no contexto escolar. O programa desenvolvido centrou-se na promoção de competências pessoais e sociais determinantes para autonomia, resiliência e inclusão dos jovens com NEE.

Esta última etapa traduz-se na formação de professores (e outros técnicos que actuem no âmbito das NEE no contexto escolar) e de pais, dado estes constituírem uns dos principais intervenientes na vida dos adolescentes, e como tal, uns dos principais factores aliados à sua saúde e resiliência. Estas três últimas etapas parecem de extrema importância, dado o seu carácter abrangente e em simultâneo focalizado na resiliência, que parece fazer um sentido especial para os adolescentes com NEE.

A investigação na área das NEE tem se situado sobre aspectos mais relacionados com a inclusão no sentido mais restrito das necessidades educativas, pelo que parece relevante a investigação e desenvolvimento de programas no contexto escolar mais vocacionados para aspectos relativos ao desenvolvimento pessoal e social dos jovens com NEE.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Aventura Social em Loures '07

No âmbito do projecto "Sem riscos" da Câmara Municipal de Loures, a equipa do Aventura Social foi às escolas realizar sessões de esclarecimento sobre os temas "Alimentação" e "Consumo de Substâncias", no sentido de prevenir comportamentos de risco entre os adolescentes.
Estas sessões de esclarecimento tiveram uma grande adesão por parte dos jovens, sendo a participação destes fundamental para o sucesso deste projecto.
Gostaríamos de felicitar a Câmara Municipal de Loures, nomeadamente o gabinete da Juventude e da Saúde, pela iniciativa e interesse manifestado pelos jovens que pertencem a este Concelho, inseridos num contexto socio-economico favorável à adopção de comportamentos de risco.
Aqui fica um bom exemplo a ser seguido pelas restantes Autarquias, que também vivem estes problemas mas infelizmente não têm a mesma iniciativa...





Reunião bi-anual da rede Internacional Health Behaviour in School-Aged Children/ Organização Mundial de Saúde (HBSC) em Oeiras, Outubro '07


O Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) é um estudo colaborativo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que procura compreender os comportamentos de saúde dos adolescentes, os seus estilos de vida e os seus contextos sociais.
Este estudo foi iniciado em 1982 por investigadores da Finlândia, Noruega e Inglaterra, tendo sido adoptado pouco tempo depois pela OMS, como um estudo colaborativo. Neste momento, conta com a participação de 44 países, incluindo Portugal, membro associado desde 1998.

Os estudos do HBSC são realizados de 4 em 4 anos, com alunos de escolas públicas regulares. Portugal conta já com três estudos, realizados em 1998, 2002 e 2006 pela equipa do projecto Aventura Social
, coordenado pela Profª. Drª Margarida Gaspar de Matos na Faculdade de Moticidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, numa parceria com o Centro da Malária e outras Doenças Tropicais da Universidade Nova de Lisboa (Laboratório Associado da Fundação para a Ciência e Tecnologia, LA-FCT/MCES). Desde 1996, foram já inquiridos cerca de 25 000 adolescentes, se incluirmos o estudo específico de 2005, realizado em áreas desprivilegiadas na periferia de Lisboa, e o estudo piloto realizado em 1996.

O questionário utilizado no estudo HBSC inclui questões demográficas (idade, género, estatuto socio-económico) e questões relativas à saúde dos adolescentes e seus contextos.
O estudo HBSC criou e mantém uma rede internacional dinâmica nesta área, o que permite a cada um dos países membros contribuir e adquirir conhecimento através da colaboração e troca de experiências com os outros países e intervir directa e activamente nas políticas públicas de Educação e da Saúde.
O “Focus group meeting “que decorreu na Faculdade de Motricidade Humana, nos dias 29, 30 e 31 de Outubro de 2007, foi considerado evento de interesse científico da Presidência Portuguesa da UE, e teve o apoio da FCT/MCTES e da da Câmara Municipal de Oeiras.
Contou com a presença de 95 participantes de 44 países, entre estudantes de doutoramento, investigadores e políticos na área da saúde e de educação.
Destaca-se a presença da representante da OMS neste estudo Drª Vivian Barnekow e da Coordenadora Internacional a Profª Drª Candace Currie da Universidade de Edimburgo, que apresentaram o estudo e a sua importância científica, política e na área dos programas de saúde pública, durante a sessão de abertura dia 29 de Outubro, sessão aberta ao público e que contou com a participação de vários estudantes e profissionais portugueses.


A sessão de abertura foi presidida pelo Sr Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Prof. Dr. José Ramôa, e teve ainda a presença do Dr João Goulão, Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), do Prof. Dr. Henrique Barros, Presidente da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA (CNSIDA) do Prof. Dr José Alves Diniz, Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Motricidade Humana e Prof. Dr. Luís Capucha, Director Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular ( DGIDC).
A equipa portuguesa esteve presente com 12 investigadores do projecto Aventura Social, seis dos quais estudantes de doutoramento na FMH/UTL, bolseiros da FCT/MCTES, três doutorados da FMH/UTL e três candidatos a bolseiros de doutoramento.


Durante esta reunião foi apresentada aos membros a base de dados internacional que está agora preparada para estudos de colaboração internacional, e a partir da qual está em elaboração o relatório internacional que estará disponível em Junho 2008.
Foi apresentada a candidatura de dois países, a Albânia e a Arménia. Esta candidatura foi aprovada pela Assembleia de Representantes dos Paises (PI ).
Foi ainda apresentado o Forum da OMS, que este ano teve como tema “A Coesão Social e a Saúde Mental dos Adolescentes”, para a qual Portugal apresentou um “casestudy”, elaborado em co-autoria com muitos participantes portugueses nesta reunião.
Como metodologia de trabalho, durante dois dias e meio, os “ Focus Group” (grupos de discussão) e os “ Writing Groups” (grupos de projectos de investigação e redação de artigos científicos) abrangem contextos como a escola, os amigos, a família, e comportamentos tais como o consumo de substâncias, a violência, os acidentes, o comportamento sexual e a prevenção do VIH e outras ISTs, a actividade física, as práticas de lazer, a alimentação, e ainda situações como as inequidades económicas, a obesidade, os aspectos biológicos da puberdade, a doença crónica e a deficiência, a saúde positiva. A equipa Portuguesa está neste momento envolvida em todos estes grupos.
A sessão de encerramento, dia 31 de Outubro, também aberta ao público, contou com a presença de vários profissionais e estudantes Portugueses. O Prof. Dr. Lasse Kannas, responsável pela área da Saúde e Desporto da Universidade de Jyvaskyla /Finlândia, e o primeiro coordenador do HBSC/OMS na década de 80, foi convidado especial da FMH e da Equipa Nacional e apresentou o desenvolvimento inovador na área da Educação para a Saúde nas Escolas Finlandesas, mostrando a importância do estudo HBSC na mudança da política da saúde e educação para os adolescentes na Finlândia, pela sua importância esta comunicação está disponível online na pagina da equipa nacional.
Esta apresentação foi tanto mais importante quanto Portugal viu recentemente revista a sua Politica de Educação para a Saúde nas escolas, após proposta do Grupo de Trabalho da Educação Sexual/Saúde, onde participou a coordenadora da equipa nacional do estudo HBSC, tendo os resultados do estudo Português HBSC tido grande relevância para esta proposta e decisões posteriores.


A Camâra Municipal de Oeiras pôs à disposição dos participantes transporte para o local da reunião e para os eventos sociais e ofereceu um cocktail de boas vindas no Bar RIO’s em Caracavelos e um jantar no Restaurante Caravela de Ouro em Algés, presidido pela senhora vereadora da CMOeiras Sr.ª Vereadora Elisabete Oliveira.Como acontecimentos culturais houve a participação dos grupos musicais FINA ESTAMPA e Anónima Nuvolari e ainda do grupo Segredos da Lua que animou o jantar.

De salientar ainda as ofertas de diversos livros e outros materiais e produtos, pela Caixa Geral de Depósitos, Instituto Camões, Direcção Geral de Turismo, Presidência Portuguesa UE, IDT, CNSIDA, DGIDC, Pasteis de Belém, Aguas Serra da Estrela, Nestlé e uma especial cobertura fotográfica do Dr. Ricardo Machado.
O balanço desta reunião foi extremamente positivo para todos aqueles que nela participaram, tendo servido o seu principal objectivo, fortalecer uma rede de peritos internacionais que apoia e promove o desenvolvimento da promoção da saúde dos adolescentes em idade escolar e tentar influenciar as políticas de educação e saúde. Salientamos a cobertura do evento por parte da Televisão Pública Nacional, em horário nobre.




quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Um pouco da nossa história...

O Projecto Aventura Social iniciou-se em 1987, na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa.
Os vários sub-projectos têm a parceria do Centro da Malária e Doenças Tropicais, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa e a colaboração da FCT/MCES; Ministério da Educação; Instituto da Droga e da Toxicodependência e Coordenação Nacional da Infecção VIH.
Os projectos Aventura Social & Risco são trabalhos de elaboração, implementação, formação, supervisão e avaliação de programas de promoção de competências de relacionamento interpessoal em Instituições fechadas (Estabelecimentos Tutelares de Menores, Estabelecimentos Prisionais, Hospitais Psiquiátricos, Escolas do Ensino Especial) e de programas de promoção de competências de relacionamento interpessoal, em prevenção selectiva de base comunitária/autárquica, em zonas identificadas como vulneráveis do ponto de vista sócio-económico, com grande concentração de pobreza e desenraizamento cultural (migração). O mais recente projecto está a ser desenvolvido no Colégio Nossa Senhora da Conceição- Casa Pia de Lisboa, com crianças dos 3 aos 18 anos, professores e famílias.
O projecto Aventura Social & Saúde está integrado numa rede Europeia (Health Behaviour in School Aged Children - HBSC/ Organização Mundial de Saúde). É um estudo de investigação e monitorização, que pretende ter impacto nas políticas de promoção e educação para a saúde. Iniciado em 1996, e realizado de 4 em 4 anos, incluiu já mais de 26 000 crianças e adolescentes Portugueses. O próximo estudo HBSC está previsto para 2010. Este sub-projecto incluiu mais recentemente o estudo KIDSCREEN-UE - Avaliação da qualidade de vida em crianças e adolescentes e suas famílias.O projecto Aventura Social na comunidade iniciou-se a partir da necessidade de desenvolvimento de intervenções baseadas na activação de recursos comunitários, com participação activa das populações envolvidas. Destacam-se vários trabalhos com Autarquias (Lisboa, Almada, Montijo, Loures; Oeiras, Amadora), e mais recentemente o Projecto Peer DriveClean-UE (prevenção do consumo de substâncias “ ao volante”) e TEMPEST-UE/Temptation (Gestão de recursos pessoais nos desafios do dia a dia), ambos baseados na educação entre pares.